Homens devem fazer terapia?
Homens não são muito de falar sobre seus problemas. Grande parte deles encara como uma fraqueza o reconhecimento de fraquezas pessoais ou emocionais de qualquer natureza. Isso gera e visões deturpadas sobre muitas coisas por parte do homem machista. Um destes preconceitos que surge é contra as terapias. Porém, fica a pergunta: será que os homens realmente precisam dela?
É importante perceber que há uma diferença clara entre os sexos. Enquanto as mulheres tem a necessidade de compartilhar seus problemas e se mostrarem mais emocionais devido a isso, os homens evitam na maior parte as oportunidades de fazer o mesmo. Para não generalizar, temos de levar em conta também o gênero com o qual a pessoa se identifica para algumas coisas em sua vida. Ou seja, a identidade dos sentimentos, se é uma característica associada mais a homens ou mulheres.
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Homens costumam crescer aprendendo coisas como serem fortes, terem honra, saber agir e assumir riscos. Essas e outras regras de masculinidade mudam de acordo com o país, mas constituem um conjunto de atitudes e comportamentos encorajados ou forçados pela sociedade aos indivíduos do sexo masculino. A adaptação à esses comportamentos gera benefícios que incluem a aceitação de outros homens, o sucesso em profissões tradicionalmente ocupadas por homens, aumento de status social, auto-estima, acesso a oportunidades com maiores potenciais. Ou seja, há todo um reforço cultural ao culto da masculinidade.
No entanto, exercer esse papel tem seu lado ruim, incluindo problemas de natureza física, mental e comportamental, devido à forma como o indivíduo lida com essa masculinidade. Nenhum ser humano nasceu para assumir um papel inteiramente masculino ou feminino: deve haver um equilíbrio. E o conflito gerado pelo que a sociedade exige contra o que é melhor para o indivíduo gera os problemas que falamos.
A maior parte dos homens aprendem a esconder características não desejadas pela sociedade para serem melhor aceitos. Eles adotam comportamentos mais padronizados para obterem os benefícios de ser um macho alfa padrão da sociedade. Para lidar com o conflito interno crescente, muitos deles utilizam de válvulas de escape altamente prejudiciais, como drogas, violência, álcool etc. Na maior parte das vezes, eles destroem relacionamentos com tais comportamentos, entrando em uma espiral de depressão, auto depreciação e doenças físicas, já que, para um macho alfa, a auto suficiência é um dos maiores sinais de força e poder.
O terapeuta entra nesse contexto assumindo um papel de compaixão para com o indivíduo que sofre essas pressões. Na maior parte das vezes, as pessoas irão julgá-lo com olhares negativos, sem buscar entender a fonte real de seus problemas. Um terapeuta irá ajudá-lo a se expressar melhor perante a sociedade, sem ter que se preocupar tanto com julgamentos ou o que ela espera dele como homem.
Ao iniciar uma terapia, é muito comum que homens esperem resultados rápidos e, por isso, acabam preferindo a ajuda de psiquiatras. Além dos efeitos colaterais dos remédios, o psiquiatra não vai buscar entender as causas: ele vai tratar seus sintomas. Assim que os remédios acabem o efeito, os problemas vão voltar e podem voltar mais fortes. O indivíduo, ainda por cima, estará vulnerável devido aos efeitos colaterais dos remédios.
Nós sabemos o quanto é difícil para o homem admitir que tem problemas. Guardá-los para você só vai afastar cada vez mais as pessoas e te deixar mais sozinho, em um poço de depressão de onde muitos não conseguem mais escapar. Mesmo quando seus amigos estão sempre lá para te ajudar e sua companheira está sempre te ouvindo, em alguns momentos é necessário reconhecer que os problemas são maiores do que você imagina. E a atitude mais forte e masculina a se tomar é admitir sua necessidade por ajuda, como bom ser humano, e buscar um terapeuta para solucionar seus problemas, pois ninguém é capaz de sobreviver sozinho na sociedade.
Sobre o autor
André é formado em pedagogia empresarial e instrutor de Muay Thai e Kickboxing. Vaidoso, começou a se interessar por moda e estética ainda na adolescência, quando teve que perder peso para sair da obesidade. Quando foi morar sozinho, teve de aprender a lidar melhor com sua alimentação e mudar seus hábitos e rotina. Escreve sobre a rotina e hábitos masculinos desde 2012.
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